segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ele agora é um homem!

Passando pelo corredor, havia o quarto do menino, que ficava em frente ao da sua irmã. O contraste entre os dois quartos era evidente, assim como o que havia entre os dois irmãos! O quarto de Luíza era um típico quarto de patricinha sonhadora. Paredes pintadas de azul bebê, uma cama coberta por uma colcha cor-de-rosa, um baú cheio de lembranças de sua infância e adolescência, uma escrivaninha para estudos (já falei que ela fazia faculdade de moda?), um armário. O clima inocente e cálido contrastavam com a postura sensual e dominadora daquela que ali dormia. Já o quarto de Lúcio era uma mistura de rock'n'roll com ciência. Pôsters do Nightwish e do Kiss cobriam quase toda a tinta branca com a qual as paredes daquele quarto foram pintadas. Muitos objetos que lembram um estilo gótico, um rádio, cds de bandas de rock pesado. Mas o destaque do quarto era uma gaiola contendo um râmister. O melhor amigo de Lúcio, aquele com quem o menino dividia todos os seus segredos e frustrações.
Entrando no seu quarto, Lúcio abre seu armário, pega uma muda de roupas e se dirige ao banheiro mais próximo, que ficava entre o seu quarto e o de sua irmã. Enquanto se despia, Lúcio começa a se livrar das consequências do seu dia. Inveja do peguete da irmã, uma lixeira chutada, o susto de uma senhora de idade. Era como se a roupa que ele usava carregasse todas as frustrações do menino, as quais ele precisava se libertar. E água é um bom remédio para isto. Lúcio liga o chuveiro e começa aquele velho ritual que todo ser humano normal pratica quando entra num box. De repente, lhe vem a imagem de uma de suas colegas de turma. Maria tinha a pele alva como a neve, mas a coloração negra de seus cabelos contrastava de forma interessante e sensual com a sua pele. O uniforme do colégio valorizava as curvas das moças, dando-lhes um toque de maturidade sexual.
- Lúcio, eu não entendo esses cálculos! me ensina?
- Cla-claro!
Conforme ele lhe ensinava aquelas regras exatas de cálculos matemáticos e fórmulas químicas, a menina, atrás dele, se aproximava de seu rosto. Suas mãos acariciavam os cabelos de Lúcio, e sua respiração fazia o garoto sentir uma forte e poderosa sensação de prazer e libertação. No momento em que esta sensação se intensifica...
- Lúcio! Temos visita hoje! gritava a mãe do menino.
- O que é, mãe? respondeu-lhe o garoto irritado pelo fato de sua mãe interromper seus momentos de deleite com assuntos irrelevantes.
- Eu disse que temos visita hoje! Uma amiga do seu pai vem jantar aqui e...
- E eu com isso?! Me deixa em paz! Vai fazer sala para essa mulher, vai!
- Olha como você fala comigo, hein, garoto! Você é meu filho e me deve respeito!
De repente, uma voz masculina, excitante, forte e instigante interrompe a bronca que Lúcio levava da mãe.
- Oh, Camila! dizia este homem sussurrando. Deixe nosso filho em paz! deixe ele demorar o quanto quiser no banho!
- Eu ia falar com ele e ele me...
- Já falei para esquecer isso! Ele agora é um homem!
- Como assim?
E a conversa rolava. Ouvindo aqueles sussurros que ele reconheceu serem de seu pai, ele ficou encabulado, envergonhado. Decidiu sair do banho e se enxugar.