quinta-feira, 5 de março de 2009

Eu sou rebelde!

No caminho para casa, ele pensava no relacionamento que sua irmã estava vivendo. E as perguntas pairavam sobre sua cabeça como pombos numa estátua. "Será que algum dia vou me apaixonar de verdade", pensava ele. Todos os seus colegas de turma, seus amigos do prédio, todos os garotos da sua idade já tinham vivido ou vivem um relacionamento com alguém. Somente ele ainda não tivera a menina perfeita na sua frente, disposta a iniciar um romance. Cada passo que ele dava no caminho de volta era como um passo dado a menos nas velhas e concorridas olimpíadas do amor perfeito.
Ele sabia que era jovem demais para viver um grande amor e que uma relação sólida entre duas pessoas não se constrói em um dia. Enquanto caminhava em direção ao prédio onde morava, ele via muitos casais de variadas idades, realizando diversos movimentos de afeição um para o outro. Mãozinhas dadas, beijos longos e lentos, um afago no ombro do outro. O que para um romãntico assumido seria visto como algo magnânimo, sublime, para ele, era visto como um deboche. Cada casal parecia debochar de sua virgindade tanto da alma quanto do corpo. Seu sangue subia cada vez mais. "Quando vai chegar minha vez?", pensava o pobre Lúcio. Uma irritação começou a tomar conta de seu corpo. Tudo se tornou sombrio e tenebroso. A rua tornou-se escura e as pessoas transformaram-se em palhaços, que bricam debochadamente com o público do picadeiro. Uma vontade enorme de se rebelar subia-lhe na mente. "Até minha irmã achou alguém pra amar!", pensava ele, "A garota mais chata do mundo!". De repente, ouve-se um barulho. "Splash!!!" Lúcio tinha acabado de chutar uma lata de lixo de uma lanchonete. Tudo voltou ao normal. Quando Lúcio voltou a si, todos estavam olhando aterrorizados para aquele garoto.
- Que vândalo! exclamou uma velhinha que viu o acontecido.
Lúcio se sentiu envergonhado. Pobre menino! Seu primeiro pensamento foi ajudar a limpar a calçada, mas seu embaraço era tão grande que só lhe restou sair correndo.
Depois que aquele momento de fúria e embaraço passou, ele se viu no portão de seu prédio. Ele resolveu entrar e não sair mais naquele dia. Subindo o elevador, ele pensou no seu dia. Em tudo o que aconteceu. No elevador, havia um espelho enorme. Lúcio se viu e não se reconheceu. Seu peitoral magro e sem graça, seus cachos loiros e bem arrumados, seus olhos, suas pernas. Nada do que ele via no espelho parecia lhe traduzir quem era aquele que estava se refletindo, porque sua mente estava fixada naquele que se rebelou momentaneamente com a vida. Os dois Lúcios não combinavam. Um era estudioso, certinho, tinha um caráter invejável por todos os pais de seus poucos amigos, centrado; o outro, rebelde, playboy, marrento, estouradinho.
A porta do elevador se abriu. Lúcio se dirigiu para seu apartamento. Passando pelo corredor, ele percebeu a beleza da decoração. Um tapete amarelo com detalhes vermelhos e laranjas cobria o chão. As paredes brancas como a neve davam um destaque às portas de madeira envernizada. Ao chegar em frente ao apartamento, ele abriu a porta, passou pelo corredor e encontrou com sua mãe.
- Lúcio, querido! cadê sua irmã?
- Ela ainda está na praia.
- Não tá não! Ela me ligou dizendo que ia passar na Marcinha rapidinho e ainda não voltou.
Marcinha era outra nerd. A melhor amiga da irmã de Lúcio. Ih, esqueci de dizer que seu nome era Luíza. Enfim... era estranho ver duas moças de quase 20 anos tão diferentes na atitude e na personalidade serem amigas. Marcinha era retraída, tímida, introspectiva e gostava de ver as roupas e o estilo de sua amiga. Era ruiva, tinha acnes por todo o rosto e nunca namorou um rapaz. Já Luíza... era uma espoleta. Cada semana, tinha um namorado diferente. Já lhe disse que Luíza transava com todos eles no primeiro encontro? Pois é. Algo que a maioria das mulheres acham ser uma atitude de vadia, ela achava a coisa mais normal do mundo; afinal, é um legado da Revolução Sexual dos anos 1960. Mas, voltando ao diálogo...
- Por acaso sua irmã tá saindo com aquele pervertido filho da vizinha aqui do lado?
- Acho que não, mãe. Ela troca de namorado como troca de roupa!
- Ainda bem. esse menino é um marginalzinho! Não quero a minha filha metida com esse tipinho aí!
- Vou tomar banho!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um homem

Era uma típica tarde de verão brasileiro. As praias estavam repletas de gente se banhando no mar, tomando um solzinho... As belas mulheres exibiam seus corpos esculturais, tampando apenas o, digamos assim, necessário. Os homens não paravam de analisar as belas formas femininas e pensavam como seria uma maravilha ter uma dessas em suas camas, deleitando-se em momentos de prazer. Os calçadões transformavam-se em verdadeiras passarelas da atividade física, onde pessoas buscavam sua saúde. Aqueles que não podiam aproveitar os momentos de deleite que o verão brasileiro podiam proporcionar trabalhavam e transpiravam. Como transpiravam... As altas temperaturas do nosso verão são cruéis com aqueles que não podem aproveitá-las!
Neste cenário, havia um belo menino loiro de olhos azuis que não aparentava ter mais do que 15 anos. Apesar de bonito, ele era nerd. Um típico nerd anti-social que idolatrava as fórmulas matemáticas aprendidas na escola. Seu nome era Lúcio. Ele morava em frente à praia de Icaraí, com seus pais e sua irmã mais velha. Aquela loira de biquínis rosa com detalhes amarelos beijando um surfista moreno perto da água. Ele parava e pensava qual seria a sensação de beijar uma mulher. Todas as noites, ele se via no laboratório de química da escola, realizando uma esperiência qualquer com substâncias inorgãnicas e fazendo cálculos estequiométricos. De repente, aparecia uma bela cientista. Loira como ele, mas com um toque a mais de sociabilidade. Ela se aproximava dele e olhava seus cálculos.
- Não, Lúcio! Esse cálculo está errado!
- Como posso acertar os cálculos se as substãncias não resultam naquelas que eu quero?
- Vou te mostrar!
Ela se aproximava ainda mais... colocava a mão do menino em seus seios... fazia-o acariciá-la suavemente... O menino já estava transpirando e algo estava diferente. Seu corpo não correspondiam mais aos seus comandos. Suas pernas tremiam, seus olhos não conseguiam fugir daquele rosto angelical e branco.
- Entendeu agora? Quer analisar essa substância que fois ecretada pelo seu corpo?
- Bem... eu... será que...
A mulher ria.
- Vou ajudá-lo.
Os lábios dela começavam a se aproximar dos do rapaz. Pobre menino! O que a falta de informação e orientação dos pais no momento certo fizeram com ele?! Todos os garotos da idade dele já tinham alguma experiência com mulheres. Sejam elas prostitutas, namoradas, enfim. Mas Lúcio... pobre Lúcio! Nenhuma. Ele se deixava levar por aquela sensação prazerosa que estava sentindo. Deixava-se levar pelo momento. E, quando os lábios iriam se encontrar...
- Lú! chamava uma voz feminina. O menino acorda de seu sonho e se vê novamente na praia.
- Mana, o que foi? Você não estava se pegando com seu namorado? O que você quer?
- Xiiiiiii... quanta ignorância! Ele foi pegar um refrigerante pra gente. Por que tá irritado?
- Nada. Coisa minha.
- Hum, sei. Essa "coisa minha" deve ter nome e sobrenome.
- Não enche o saco. Tava pensando na prova de semana que vem.
- Prova de como chamar uma garota pra sair? Prova de socorro não quero mais ser um nerd?
- Vou pra casa! Vai namorar, vai!
E com essas palavras irritadas Lúcio voltou para sua casa.

"Tenho que mudar?" ("American life", versão Re-invention Tour, Madonna)

É o seguinte: postarei apenas ficção a partir de agora. Cansei dos momentos reflexivos e da chatice que é ficar pensando em coisas que não valem à pena para mim. Deleitem-se em momentos de pura fruição.