quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

As famílias são as neonações?

Na postagem anterior, eu afirmei ser a morte o maior mistério que envolve a existência do ser humano. A única certeza que temos. A única certeza é, mas não o maior mistério. O homem mais feliz do mundo vê a si mesmo e a sua família ao redor de sua cama, em seu leito de morte, e tem orgulho de tudo o que construiu ao lado de uma mulher. Uma família fabulosa composta por pessoas de bem, respeitáveis e respeitosas, com uma boa formação moral e que construíram outras familias fabulosas com as mesmas características do que as suas, talvez até melhores! Depois chega a vez de sua digníssima companheira. E chega a hora em que os filhos se reúnem para repartirem os bens deixados pelos pais. Onde está Machado de Assis e suas palavras ferinas neste momento? Aprendi nesta vida que quanto mais bens uma pessoa tem na vida, mais ela quer ter. Isto pressupõe a seguinte questão: o número de riquezas de uma pessoa é equivalente ao déficit do desenvolvimento do bom senso e do instinto de coletividade e irmandade. Uma família de classe média sustentada pelos patriarcas, as galinhas dos ovos de ouro, torna-se um abutre ao ver que os bens deixados por eles estão disponíveis para a partilha entre irmãos. Todos sabem que, quando o assunto é dinheiro, as pessoas deixam de ser seres racionais e partem para as agressões físicas e verbais, para os desentendimentos e para as intrigas. Algumas vezes, até mesmo para o sistema de alianças, como aquele realizado pelos países em tempos de guerra; a Primeira Guerra Mundial, por exemplo. Nestes casos, o que acontece com aqueles que não estão envolvidos com a partilha de bens e, mesmo assim, sofre com algum tipo de pressão psicológica para se aliar a um lado? Estes são os mais prejudicados. São sim! Eles observam seus pais e tios guerrearem entre si para demarcarem seus territórios e sentem uma profunda tristeza ao ver a família perfeita ser bombardeada por desencontros, intrigas e barracos na família. E eis o mais agravante de tudo: estas brigas têm uma causa, o dinheiro. Nessas horas, eu penso e chego à conclusão de que a Alemanha pré-hitlerista foi mal entendida pela História. Depois de se consolidarem como um Estado unificado, os alemães apenas queriam um pedaço de terras africanas, e os aliados simplesmente acabaram com seus sonhos de criar um império que transcendesse a Europa, porque não queriam dividir seus territórios com mais ninguém. No século XXI, as guerras entre nações continuam. Desde o início dos tempos, os povos guerream por terras e outras conquistas para enaltecerem ainda mais o ego do representante do povo. Foi assim com as Guerras Púnicas, com as guerras contra os bárbaros, as cruzadas, as Grandes Guerras Mundiais, o Golfo, Iraque, terrorismo e outras que, hoje, estão destruindo parte do Oriente Médio. Será que, neste século, apesar de as guerras entre nações não serem mais tão frequentes, o foco bélico está se dirigindo para o círculo familiar? Como o dinheiro pode ter tanto poder a ponto de destruir uma família? As famílias são as neonações?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A morte é o fim da vida?

O mundo está repleto de mistérios que a ciência não consegue resolver. A mente humana, a existência de uma energia luminosa e criadora do universo, o amor,... Mas talvez o maior mistério da humanidade seja a morte. Lá nos tempos anteriores a Cristo, os gregos acreditavam que o destino do homem após a sua desencarnação era o Tártaro ou os Campos Elísios, dependendo das ações que a pessoa praticava em vida. Pessoas nobres, corajosas, dignas, íntegras e etc eram destinadas aos Campos Elísios, enquanto os assassinos, ladrões, violentos ao próximo, difamadores e etc eram destinados ao Tártaro. A cultura judaico-cristã propaga a existência do Paraíso Celeste para os bons; do Inferno para os maus; e do Purgatório para os arrependidos que buscam a expiação de seus pecados. Há culturas em que acredita-se que o ser humano reencarna num novo corpo para cumprir uma outra missão ou para resolver questões inacabadas. Enfim... São muitas e muitas especulações que o ser humano faz a respeito do momento pós-morte. Eu não sei em qual teoria acreditar. Às vezes sou adepto de uma, às vezes de outra, às vezes daquela outra, às vezes de nenhuma, às vezes de todas, às vezes de algumas, e etc de acordo com a minha conveniência. Afinal, assuntos que envolvem fé pressupõe uma pitada de conveniência. Não se escolhe uma religião por causa de uma chamado divino que muda as novas vidas. Não acredito nisto. Acredito que escolhemos uma religião, porque seus dogmas são convenientes para a nossa experiência de mundo ou para usarmos algo como justificativa da mudança drástica de vida que um drogado sofre após conhecer os dogmas de uma Igraja Evangélica e deixa de usar drogas, por exemplo. O ser humano necessita acreditar em algo metafísico, que esteja além da vida material na qual estamos inseridos e na qual somos tomados cada vez mais. Mas a escolha de uma religião pressupõe acreditar em todos os seus dogmas à risca? Quanto mais erudição nós ganhamos, mais ficamos com o pé atrás com certos dogmas de nossa religião. As religiões e as seitas pregam um modo de vida e um modo de encarar o mundo distintos, e a sociedade fixa estes valores à medida que elas se fortalecem dentro dela. E o modo de encarar a morte é um deles. Uma amiga me disse que a sociedade impõe uma espécie de "dez mandamentos para encarar a morte" e que cada pessoa sofre a perda de um ente querido de modo distinto de outras. Acredito nisto. Por exemplo, uma pessoa perde um ente querido de maneira fugaz; consequentemente, ela sofre esta perda, porque foi totalmente inesperada. Mas e se a pessoa se preparar para a morte de alguém e, quando acontece, ela não sente nada? Ela se torna uma pessoa insensível com a morte de uma pessoa que teve grande importância na vida dela? Ou apenas fez como um médico antes de uma cirurgia? Anestesiou o paciente para que ele não sofra na hora da cirurgia? E se ela preparou a cirurgia para, depois, se anestesiar? Em casos como este, o paciente são as emoções de uma pessoa, e o médico é o lado racional dela. Após a morte de um ente querido ficam as boas lembranças. As idas à uma feirinha de roupas, uma tarde de lanches, as piadas que ambos trocam, os momentos de amor e carinho e todas as coisas boas que tivemos com alguém que nós realmente amamos e que nos deixou. Outra coisa me preocupa: por que nós conhecemos justamente as pessoas que conhecemos e não outras? Por que num mundo de tantas possibilidades, algumas poucas conseguem tocar o nosso coração e mudar as nossas vidas, sejam elas amigos, família ou namorados? Se, para a cultura judaico-cristã, a morte é uma transição para uma vida metafísica, seja no Paraíso ou no Inferno, por que nós fazemos outras pessoas pessoas sofrerem? Por que as pessoas nos fazem sofrer? Por que fazemos as pessoas felizes? Por que as pessoas nos fazem felizes? Num grupo seleto de pessoas que entram e saem das nossas vidas, mudando-as de acordo com uma cadeia de acontecimentos que alguns chamam de destino, por que somos influenciados mais interiorizadamente por elas e não pela sociedade em geral? Será que temos mesmo uma missão para cumprir nesta época? Será que conhecemos certas pessoas para que corrijamos algum erro de outra vida ou para que elas corrijam um erro que cometeram conosco? A morte é o fim da vida?

É possível gostar de alguém sem conhecê-lo?

Que mistérios são os jogos de sedução! Sempre que nos encontramos com alguém que nos interessa para um possível futuro relacionamento, sentimos algo. Provavelmente não é o amor propriamente dito. É algo um pouco diferente, um sentimento bastante singular. A língua portuguesa, em sua longa lista de palavras e significados, não possui uma palavra que descreva esse sentimento que toma conta da gente quando conhecemos uma pessoa da qual nos interessa. A palavra mais próxima na qual consigo me aproximar é euforia. Sim, euforia! Mas e quando se trata de alguém que ainda não conhecemos pessoalmente; somente por fotos ou por uma conversa agradável no msn ou em outros sites de relacionamentos que existem por aí pela web? E quando se trata de jogos de sedução numa simples conversa on-line? E se fôr uma conversa sem fins "amorosos"? E se a pessoa com a qual tivemos esta conversa tiver terminado um relacionamento recentemente? Alguém que nunca viveu um relacionamento com alguém, como é o meu caso, ainda não é capaz, em teoria, de lidar com as armadilhas que uma relação "amorosa" lhe impõe. Esta pessoa fica eufórica com o possível encontro com alguém que conheceu na web, tem devaneios a respeito de como será este encontro e do que acontecerá, e espera por ele ansiosamente. Tudo por causa de duas ou três conversas que tiveram, vale ressaltar, na web! Conversas nas quais o assunto começou como uma consulta num psicólogo onde o outro desabafava com um desconhecido suas desventuras amorosas com o atual namorado; e que terminou num convite para sair, sendo que este, o que terminou o namoro, mencionou sexo. Uma vez, eu li num dos perfis que visito desses sites de relacionamentos que, entre homens, tudo começa na cama. Será mesmo? Será que Heloísa Perissé, em Sexo, amor e traição, tinha razão ao dizer que o homem é o primata menos desenvolvido de todos por pensar em sua própria banana? Será que um relacionamento entre homens nunca transcenderá o sexo? Ou será que o pensamento imposto pela cultura judaico-cristã e cristalizado pela sociedade, de que amor e sexo só devem acontecer entre um homem e uma mulher, é pura balela? Ou será que é possível haver dois homens que se amam, trocam experiências, vivem toda uma vida e, é claro, fazem sexo? Particularmente, fico com a segunda opção. Acredito que todos nós temos alguém que vá mudar as nossas vidas de maneira avassaladora e que vá nos proporcionar momentos inesquecíveis. Voltando ao assunto desta postagem, eu penso nos inúmeros encontros que acontecem todos os dias em todos os cantos do planeta entre dois gays. Acredito, também, que dois homens se "resolvem" primeiramente na cama. Todas estas questões aqui colocadas martelam incessantemente na minha cabeça e me fazem ter dor de cabeça de tanto pensar. E elas vêm à minha mente, por causa de uma simples pessoa que nem conheço pessoalmente. E eis as grandes perguntas: existem jogos de sedução entre duas pessoas numa sala de bate-papo? Como podemos gostar de alguém somente lendo algumas palavras digitadas numa sala destas? Por que sentimos essa euforia por alguém com quem não sabemos se temos química? É possível gostar de alguém sem conhecê-lo?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vale à pena ser o outro apenas pelo sexo?

Como é bom transar! É impossível haver uma pessoa neste planeta que não goste de fazer sexo. Mesmo o mais beato de todos os homens, mesmo aqueles que trocam os prazeres da carne pelos prazeres espirituais, todos gostam do ato sexual. Uma troca de movimentos estimulantes que nos levam à origem "científica" da vida: o orgasmo. Que sensação maravilhosa! Depois de algumas horas trocando experiências sexuais com o nosso parceiro, temos um momento crucial no ato sexual, cuja sensação é indescritível! Mudando um pouco de assunto, os estudos da Antiguidade afirmam que, desde as épocas mais remotas (as em que há registros culturais; os afrescos, por exemplo) nos mostram que já havia homoerotismo. Na Grécia antiga, as relações homossexuais eram pedagógicas, ou seja, homens mais velhos compartihavam suas experiências com os mais jovens, e isto pressupunha relações sexuais. Em Roma, o "amor grego", as relações entre homens, também era praticado, mas com um detalhe interessante: o condenável na sociedade era o homem com trejeitos andrógenos, a atual "bichinha". Sabe-se também que Júlio César era o "marido de todas as mulheres e esposa de todos os homens". A cultura judaico-cristã, desde seu surgimento, condenava este tipo de relacionamento, e esta condenação se cristalizou na sociedade de tal forma que, ainda hoje, os homossexuais são tratados de forma receiosa pela sociedade. O fato é que boa parte dos homens que curtem uma relação homoerótica é composta por homens comprometidos ou que querem manter a imagem de homem que está inserida no imaginário da sociedade. Aquele que, apenas, se relaciona amorosamente com mulheres. Talvez eles sejam tão discretos assim por medo do olhar da sociedade, da família e/ou dos amigos. Não sei. O fato é que eles são muito cobiçados no universo homossexual por diversos motivos; por exemplo, a pegada e o fetiche. Não me excluo desse grupo; eu também curto sair com os "falsos héteros". Mas a diferença entre se relacionar com homossexuais e com "falsos héteros" é que aqueles podem te apresentar como namorado, te levar para passear, te tratar com exclusividade; em suma, sentimos segurança ao lado deles. Com os "falsos héteros" não. Eles são comprometidos, têm uma "imagem a zelar" diante da sociedade, só podem nos ver de vez em quando; mas o sexo é ótimo! Eles são como uma droga que nos alucina, nos envolve, nos intoxica até sermos totalmente envolvidos por eles. Se realizarmos uma pesquisa, a maioria escolheria os homossexuais, digamos assim, genuínos para encarar um relacionamento sério. Mas boa parte das pessoas admitiriam que ter um "falso hétero" na sua cama é algo bastante excitante e avassalador, e que eles são um ótimo "passatempo" para os tempos de "seca no Nordeste". E o mais interessante: quem sai com "falsos héteros" são geralmente homens homossexuais ou outros "falsos héteros". Afinal, sabemos que o sexo faz mais falta para o homem do que para a mulher. Mas o que tornam os "falsos héteros" tão atraentes assim? Será o sexo ou a questão do fetiche? Se saímos com um homem comprometido, temos consciência de que a(o) outra(o) é a mais prejudicada em toda essa história; é a vítima. Afinal, ninguém gosta de saber (se souber) que o companheiro (a) é infiel. Será que estamos nos tornando pessoas ruins por sermos o(a) outro(a) ou vale à pena fazer isso para termos uma garantia de uma ótima noitada sexual? Vale à pena ser o outro apenas pelo sexo?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A internet e a televisão estão substituindo o livro?

O que falar do livro? Que ele é feito por papel escrito encadernado com capa e contra-capa? Que ele pode ser didático ou literário? Que alguns são bons ou ruins, dependendo do gosto ou da experiência de mundo do receptor? Bem... Pode ser. Pode não ser. Quem sabe dizer precisamente o que é um livro? Muitos dirão algo que já está cristalizado no senso-comum. Outros poucos tentarão dar uma resposta inteligente. Outros raros conseguirão achar uma resposta que se aproxime do conceito. Ninguém conseguirá conceituá-lo com precisão. O que é certo é o fato de que, desde sua criação, o livro (ou melhor, seu conteúdo) desempenha um papel importante na vida social e no imaginário individual. Através dele, podemos viajar por diversos mundos, onde tudo é possível. Aventuras, amores, questões psicológicas, etc. Também, através dele, de certa forma, somos levados a confrontarmos nossos medos e angústias e a pensarmos a respeito do nosso comportamento. No fim do século XVIII, na Europa, foi criado o folhetim, um meio através do qual os escritores poderiam publicar suas obras de ficção, em jornais. No século XIX, com o sucesso deste novo meio de se ter acesso à literatura, houve muitas especulações a respeito do fim do livro, já que as pessoas preferiam ler os capítulos publicados nos folhetins a consumir livros. É claro que já sabemos o resultado de toda essa história: o livro sobreviveu, e os folhetins já não existem mais. A questão é que, com o mundo globalizado de hoje, onde as informações são transmitidas em tempo recorde, as pessoas não têm mais tempo de sentar num local agradável e ler um livro. O trabalho, a família, a casa, o dinheiro, enfim... tudo é mais importante do que consumir um estúpido monte de papéis. As famílias brasileiras preferem assistir às novelas, ir ao cinema, assistir filmes em casa mesmo, etc. E, cada vez mais, o número do público leitor diminui. E um dado alarmante: os escritores estão preferindo a televisão e outros meios de se lidar com a imagem; por exemplo, Maria Adelaide Amaral, Manoel Carlos e Glória Perez! Não os julgo, porque é muito mais fácil assistir à uma narrativa de ficção ao vivo e à cores do que ter de imaginar o perfil das personagens, os lugares onde os fatos ocorrem, os movimentos que as pesonagens executam no decorrer do enredo. Então, qual seria o benefício da leitura de um livro num mundo imagético? A resposta é simples: os livros nos fazem pensar. Eles não impõem normas de comportamento ou de beleza estética e, quando o fazem, em grande parte das vezes, é para o leitor pensar se estes valores são ou não válidos para uma determinada sociedade. Mas, com a diminuição constante do público leitor e com a ascenção dos produtos de ficção imagéticos (as novelas, por exemplo), o livro estaria condenado ao esquecimento? Se o livro não desapareceu no século XIX, pelo fato de esta época não valorizar tanto a imagem quanto nos dias de hoje, será que, desta vez, o livro desaparecerá? A internet, a televisão, os DVDs e outros meios de comunicação imagéticos estão substituindo o livro para valer?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Imagem é fundamental?

Todos os meus amigos sabem que eu sou fã da Madonna, uma artista que, antes de tudo, é um produto com um forte sentido imagético. E, algumas vezes, eu me permito me perguntar o motivo de eu ser fã dela. Eu, uma pessoa cuja imagem não corresponde ao esteticamente aceito pela sociedade. Bem, questionar meu nível de idolatria não é o objetivo desta postagem. Atualmente os meios de comunicação veiculam para as grandes massas um modelo de imagem a ser seguido. O Big Brother Brasil, por exemplo, faz isto ao colocar em seu time de protagonistas homens e mulheres, em sua maioria, que se enquadram nesses padrões. Isto pressupõe que todos aqueles cujo exterior não se encontre dentro dos padrões impostos todos os dias pela mídia não estão enquadrados na sociedade. Uma espécie de neo-caça-às-bruxas. E isto não se refere apenas ao exterior, mas ao interior também o que é um contraste bastante interessante. O senso comum diz que devemos respeitar as pessoas do modo como elas são, sejam gordas ou magras, bonitas ou feias, homens ou mulheres, hetero ou homossexuais, fumantes ou não-fumantes, e etc; e que o que realmente importa é o interior das pessoas, não o exterior. Mas, se a mídia passa para a população todos os dias um mesmo modelo tanto de imagem quanto de personalidade a serem seguidos, por que não enxergamos no dia-a-dia as pessoas incorporando esses valores, ao menos parcialmente? Suponhamos que você, caro leitor, seja uma pessoa esperta, inteligente e divertida. Se você é gordo, as chances de se ajustar numa sociedade que valoriza a imagem perfeita diminuem. Se fuma, idem. Se é homossexual, piora. Não vemos, hoje em dia, pessoas que queiram embarcar num relacionamento sério que valorizem o interior do outro, apenas o exterior. E o pior: há pessoas que descaradamente em sites de relacionamentos afirmam que a personalidade é importante, mas a imagem é, também, fundamental. Será mesmo? Façamos uma pesquisa imaginária: quem você, querido leitor, prefere: uma pessoa divertida, inteligente, esperta e respeitosa; ou alguém com personalidade duvidosa, comportamento instável e não confiável? A grande maioria escolherá, com certeza, a primeira opção. Mas, se esta pessoa de personalidade confiável e impecável fôr gordo, magrelo ou feio, você pensaria duas vezes antes de embarcar num relacionamento ou entra de cabeça, pronto para receber tudo o que esta pessoa tem de bom para lhe dar? É preferível trocar uma pessoa cuja índole é impecável por um Aquiles, um Odisseu ou um Enéias, mesmo que a personalidade deste fôr duvidosa? Será que imagem é definitivamente fundamental?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A Descoberta Do Mundo - 2ª Parte

Às vezes, eu fico pensando se vale à pena arriscar a sua integridade física por um amigo. Principalmente por um amigo (ou, no meu caso, uma amiga) que acabou de terminar um relacionamento recentemente com um rapaz de caráter e personalidade extremamentes duvidosos. E desde que aconteceu isso eu penso exatamente neste questionamento que hoje trago para vocês: vale à pena comprar brigas com seus amigos para defender um único? Antes de desenvolver meu pensamento posto aqui o barraco que eu tive com o atual ex-namorado dessa minha amiga. Leandro sou eu.

Шαιια¢э Lαísα enviou em 19/1/2009 14:57:
Sabe o que acontece... Você e suas atitudes de bixa enrrustida, perante sua família o homem e na vida real um desbocado, que cuida da vida dos outros e não da sua... Tinha combinado de encontrar com Laísa no sábado e falar pra ela da amiga piranha que ela tem... Claro já havia falodo várias vezes, mas ela ignorou... Agora você foi baixo... Acho que é hora da sua familia saber quem você é.
Шαιια¢э Lαísα enviou em 19/1/2009 14:58:
Já que gosta de se meter na vida dos outros vamos ver se tem a vida perfeita para atirar pedras, seu arrombado, desbocado, podre por dentro, por isso vai ser uma bixa sozinha e gorda sempre...
Шαιια¢э Lαísα enviou em 19/1/2009 14:59:
Quem vai querer alguém como você, não tem vida propria, e tenho certeza que só falou e teve medo deu falar antes e você ter que falar que ficou sabendo e não contou... Nisso você teve sorte porque meu intuito foi de contar já que ela não ouviu em momento nenhum tudo que falei...
Leandro diz:
Nossa! Parece q vc não gostou msm d eu ter dito o q VOCÊ fez tanto à Laísa qnt à Silvana. Mas já q vc se deu ao trabalho de me dizer coisas tão "amistosas", não vai se importar se eu tb me der ao trabalho de te dar uma resposta à altura. Para começar, vc estragou akele q foi um dos melhores dias da minha vida ao fazer coisas inapropriadas c/ Silvana numa sala d cinema.
Leandro diz:
Nunca pensei q alguém fosse tão brega! E contei p/ Laísa pq sabia q vc não faz bem à ela. Não faz mesmo. E sabe pq? Pq vc não age como homem. Não tem integridade, respeito p/ si mesmo, nem pelos outros. É incapaz de zelar p/ uma pessoa q vc ama como eu zelei pelo bem estar da minha amiga, algo q eu fiz ao contar o q vc fez. C/ ela vc agiu diversas vezes como um adolescente mimado e egoísta.
Leandro diz:
Não evolui a ponto de ser reconhecido como homem diante dos olhos ferinos da sociedade. E acho q nem vai evoluir a este ponto. E saiba tb q eu não me sinto ofendido pelo q vc falou. Me sinto orgulhoso pelo q fiz pois sei q foi a coisa certa a se fazer p/ uma amiga. Uma verdadeira prova de amizade e respeito.
Leandro diz:
Através de tudo o q vc escreveu, eu descobri q, mesmo homossexual, eu sou mto mais homem do q vc pode almejar ser algum dia. Pq minhas atitudes são d um verdadeiro homem, não de uma criança q faz jogo sujo e se mostra totalmente narcisista p/ conseguir um brinquedo no shopping. Vc é quem foi baixo, desrespeitoso, egoísta e repugnante, pois é isto o q vc é: uma pessoa extremamente REPUGNANTE.
Leandro diz:
E qnt à minha vida e ao fato d não explaná-la p/ Deus e o mundo... Bem. Eu não preciso disto, pois minha família e meus amigos me amam e me acolhem do jeito q eu sou. E eu tenho q fazer juz à toda a confiança q eles depositam em mim. E foi o q eu fiz. Laísa está sozinha e vai seguir em frente c/ amigos verdadeiros e pessoas q a amam d verdade e querem zelar pela sua integridade física.
Leandro diz:
E se há algo q vc queira me dizer, p/ favor, estou à sua inteira disposição para discutirmos o VERME q vc é.
Leandro diz:
Adeuzinho!!!

Enfim... Este foi o começo do meu barraco com o ex dela. Depois de tudo o que aconteceu (quatro rompimentos causados pela personalidade duvidosa dele), ele ainda teve a coragem de fazer algo terrível. Achei que minha missão de amigo era alertá-la do que estava acontecendo. E o fiz. É claro que ele não ficou contente e resolveu descontar em mim. Mas sabem, queridos leitores, o que foi mais surpreendente ainda? Em momento algum eu me senti ofendido com as palavras ferinas que ele lançou sobre mim. Depois do meu "adeuzinho", nós dois trocamos um pouco mais de farpas regadas à muitas ofensas e muita indiferença à elas da minha parte. E, à medida que eu me mostrava totalmente indiferente às suas ofensas, ele ficava mais nervoso e puto, porque via que não podia me ofender de jeito nenhum. Eu simplesmente adorei tudo isso. Eu que sempre fui avesso à violência e à confusão, protagonizei um dos maiores barracos que já presenciei na vida e, desta vez, como ator principal. Para concluir, caros leitores, resolvi postar essa briga no msn para mostrar a vocês que, caso se deparem com alguém cuja personalidade é duvidosa e beira ao narcisismo, simplesmente ignorem-na, pois é o melhor que vocês têm a fazer com alguém assim. Mostrem à ela que vocês são superiores às palavras de baixo escalão e aos insultos sem fundamento, porque é assim que se comportam as pessoas diante daquelas que perderam a sua humanidade. Bentinhos e Jacobinas existem aos montes por aí. Concluo que eu finalmente consegui vencer uma nova etapa no meu processo de formação como ser humano e que eu consegui provar a mim mesmo e aos outros que eu não perdi a minha humanidade.

A Descoberta Do Mundo

Confesso que nunca li esta obra-prima de Clarice Lispector. Para falar a verdade, conheci o título desta obra na minha pesquisa para um trabalho sobre a autora e na novela A favorita, mas mesmo assim o título me fez sentir uma forte inquietação interior, que causou uma breve crise existencial no fim do ano passado. E a única saída foi escrever. Mas escrever sobre o quê? Será que uma simples frase nominal composta por quatro palavras poderia ser um assunto interessante para algum leitor deste blog? Talvez. Afinal, como pessoas integrantes de uma sociedade burguesa, ainda, em ascenção, este assunto não é muito sedutor aos olhos de alguém totalmente envolvido com nosso sistema de produção atual. Será? A pesquisa que realizei para um trabalho de faculdade sobre um livro de Clarice Lispector, Laços de família, me mostrou que a autora, apesar de estar inserida em um momento onde a preocupação dos intelectuais era o bem-estar social, estava interessada no bem-estar individual e nos desdobramentos que um simples fato do cotidiano pode causar a alguém, como um cego mascando chicletes no conto Amor ou a fuga de uma galinha no horário de almoço de uma família no conto Uma galinha. E o mais interessante: são fatos que ocorrem num círculo familiar geralmente burguês, que, segundo a autora, é reducionista e previsível. E as perguntas que surgem na minha mente sempre que me lembro da minha leitura desses contos são, para uma pessoa preocupada com a sua missão nesta vida, inquietantes. Será que, com o mundo globalizado em que vivemos onde as informações de qualquer natureza são transmitidas em velocidade recorde, perdemos a capacidade de refletir sobre o motivo de vivermos justamente nesta época, de vivermos tudo o que vivemos, de nos encontrarmos justamente nas nossas famílias e de conhecermos todos os dias justamente determinadas pessoas, quando as possibilidades que o nosso mundo nos oferece são inúmeras? Quando foi que perdemos a capacidade de simplesmente nos sentar numa pedra e ver o pôr-do-sol, sair para caminhar e conhecer pessoas ou nos deitarmos em nossas camas e lermos um bom livro? Quando perdemos a chance de sentir compaixão pela dor do outro? Será que este mundo globalizado em que vivemos está substituindo a nossa humanidade por frases imperativas, como "compre" e "seja rico"? São tantas as perguntas que iriam compôr um livro. Depois de muito pensar, concluí que a nossa existência por si mesma é um agente para que comecemos a descobrir a nós mesmos, ao outro e ao mundo. Afinal, assim como Dostoiévski, para Clarice Lispector, o ser humano vive num processo constante de construção, cujo fim só chega na morte. O que devemos fazer é aproveitar a vida o máximo que podemos e tirar proveito de todas as experiências que vivenciamos,, tanto as boas quanto as ruins, para que, assim, possamos, simplesmente, viver.